solarização


No outro dia ouvi dizer que o Sol, o nosso Sol, tem cerca de metade da sua sequência principal, ou seja, da sua duração. Quer isto dizer, e é o que me chamou a atenção, que o Sol tem um prazo de validade, como os iogurtes. Que, o Sol, também vai acabar um dia. Exactamente, morrer, como nós, as moscas, as lagartixas ou o peixe-espada. E pior ainda, com o fim do Sol, acaba-se tudo aqui na Terra. Afinal vai mesmo haver um fim do mundo! Imaginem o meu estado de espírito com o choque da notícia - ainda estou a tremer - pânico, terror, eu nem sei... Bom, e agora? Agora, o melhor é prevenir. Para isso, elaborei uma lista-de-objectos-que-considero-indispensáveis-para-sobreviver-ao-fim-do-Sol, para não falar do que é óbvio, como mantimentos, água ou um canivete suíço, que vou partilhar convosco. É assim:

- Um colete da Protecção Civil (não nos vão confundir com vulgares saqueadores)
- Uma cana de pesca (e respectivos anzóis e apetrechos, vocês sabem, pois nunca se sabe)
- Uma bússola (para o caso de não desaparecer o pólo magnético, pode acontecer)
- Um para-quedas (é importante não correr riscos)
- Um pinguim
- Uma ou duas Bíblias
- Uma ou duas enguias
- Uma moeda grande (caso se tenham de fazer opções difíceis)
- O livro "Como fazer Amigos e Influenciar Pessoas" (para o caso de se ter de lidar com outros sobreviventes que se armem em difíceis)
- Um baralho de cartas
- Uma relíquia de santo, certificada e benzida
- Um megafone e pilhas
- Um estojo
- Um ou dois Corões ou Alcorões (se bem que seja redundante)
- Uma arma, branca
- Uma outra arma, negra
- Um veículo de substituição
- Uma Tora antiga, mas em bom estado
- Um chapéu de palha, por estrear

saudade




Acordo todos os dias em pânico. A cama vazia ao meu lado é um membro amputado que ainda coço. Que ainda dói. Partiste assim tão à pressa, que eu ainda não me habituei. Não me consigo habituar. Por isso, vou ter contigo, sabes, já decidi. É só resolver por aqui uns assuntos, deixar as coisas em ordem.

Ontem comprei uma mangueira. Na drogaria não havia, tive de ir a uma dessas lojas grandes com nome estrangeiro. Não foi fácil encontrar o diâmetro certo. É vermelha e tem três metros. Se calhar é demais mas eu depois corto. Comprei também fita-cola - não dessa de escritório, mas uma cinzenta, quase metálica, larga e muito aderente.


Pus numa mala as coisas que tu mais gostas e deixaste ficar, o colar de pérolas, o anel grande com a pedra negra - nunca me lembro do nome da pedra - o vestido quase vermelho. O que eu gosto desse vestido vermelho! Espero não me esquecer de nada.


Já quase não durmo. Tenho sonhos estranhos em que não consigo ver o teu rosto. Acordo encharcado em suor e desespero. Sabes, não troquei os lençóis desde que te foste embora. Sorvo o teu cheiro da almofada como se fosse oxigénio. Tão ténue. Preciso de te respirar. Tenho de partir já. Já!


Agora estou no carro. Deixei a casa limpa e arrumada, como tu gostas. A loiça lavada e escorrida, a cama mudada. Despejei o o lixo sem me esquecer de separar as latas das garrafas e do papel, como tu fazias. Cancelei a assinatura do jornal, paguei as contas e reguei as plantas.


A mangueira já está colocada. Uma ponta enfiada no tubo de escape, bem presa com a fita-cola cinzenta, a outra ponta a entrar pela janela traseira direita, presa pelo vidro, mas sem a esmagar. O resto calafetado com a mesma fita, também as portas e as outras janelas. Foi uma boa compra esta fita-cola.


Ligo o automóvel. Pus a tocar um disco do Piazzolla. Encosto-me no assento, subo o volume e respiro fundo. Estou quase a chegar. Estou quase a chegar meu amor

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Crónicas urbanas XI: Da prática do paraquedismo em ambiente urbano

Para todos aqueles que não sabem como é que aqui vieram parar.
 (Fotografia repescada do Dear Hunter, mais crescidinha e com roupa nova. Agora, música para aqui é que vai ser o bonito...) 
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The Neon Bible



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Juegos de luz y sombra


La Habana 2000.
Fotografia obtida a partir de uma ampliação em papel. Era pré-digital. Não foi assim há tanto tempo e no entanto, parece que já não sabemos viver sem estas novas tecnologias.

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Lost #XII (Tristezas não apagam dúvidas)

e certezas não pagam dívidas

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Despojos e Milagres


Terminou a visita. Regressou a casa. Por cá ficou um presidente entusiasmado com o início da sua campanha eleitoral e um governo satisfeito com mais uma manobra de diversão. Aumentaram os impostos e toda a gente ficou mais feliz. Aleluia e isso!!

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O guardião da fé


(Lisboa, Praça do Comércio, 11 de Maio de 2010, 17h 52m)

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Working class hero. 4


(Era para pôr aqui um texto, assim tipo bué inteligente, sobre aquela coisa de como o trabalho dignifica o homem, e enche os bolsos dos senhores empresários e administradores e essa gente. Mas depois, olha, não me apeteceu. Se também não vos apetecer mandar uns cliquezinhos, pronto, está bem, eu compreendo, já sei que devo ser um grande chato sempre a pedinchar e... E tenham um bom fim de semana. Beijos e/ou abraços.)

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O regresso dos Super-Heróis


E aí estão eles, de volta à nossa presença. Há super-heróis para todos os gostos. Com ou sem superpoderes, todos têm em comum o altruísmo indomável, o gosto por uniformes, mais ou menos espampanantes, arqui-inimigos e identidades secretas a esconder o verdadeiro nome.
No presente caso, ambos são multimilionários e ambos se deslocam velozmente em armaduras à prova de bala. Mas, apesar de os dois serem personagens de ficção, no resto são muito diferentes.
O primeiro é um engenheiro virtuoso que tenta salvar a terra, usando máquinas impressionantemente sofisticadas. O segundo usa o superpoder da infalibilidade para tentar salvar a face dos seus comparsas.
Parece que os seus antecessores foram mais hábeis nesta difícil cruzada de ocultar o maior dos segredos alojado debaixo da sotaina: a existência de padres pedófilos. De tantos, demasiados, padres pedófilos, em todo o lado, com um número impressionante de vítimas. A praticarem o mais abjecto dos crimes, porque exercido sobre as mais indefesas das vítimas.
E que têm feito os nossos super-heróis de branco ao longo dos tempos? Negado, olhado para o lado, mentido! Agora, que já não conseguem conter mais esta vaga de denúncias, que faz o herói de branco? Apela ao perdão (não à justiça) - encheram Lisboa com cartazes a louvar o perdão - e até dá o exemplo, perdoou aos Beatles. Mas que raio fizeram os Beatles para serem comparados a padres pedófilos?!
Bom, um filme já estreou, o outro estreia no dia 11. Eu por mim já escolhi, prefiro o Iron Man.

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