Como sabem, em Lisboa está a haver uma festa privada. O que significa que é só para convidados. Sem convite não se entra, claro. Que o digam todos aqueles que ficaram detidos nas fronteiras. É uma festa exclusiva, fato e gravata. E estradas cortadas, polícia, comércio fechado, barreiras por todo o lado, polícia, barcos de guerra no Tejo, espaço aéreo fechado, polícia… Enfim, não se pouparam a esforços, nem despesas, para que nada estrague a festa. A festa dos donos do mundo. Ou melhor, dos polícias do mundo, que trabalham, como cães de guarda, para os donos do mundo. Ou dono, ouvi dizer que se chama Mercado.
Parece que não é só uma confraternização, parece que também vieram para trabalhar no novo paradigma de defesa que significa, mais ou menos, uma nova definição de inimigo. E aqui é que a coisa se torna esquisita e me começa a fazer comichão, é que o inimigo agora é um gajo anónimo. É confuso? Eu explico, os inimigos deixam de ser países, estados com territórios e fronteiras, mas algo mais difuso e disperso.
É o caso do terrorismo, o que eu percebo, é uma coisa perigosa e sem rosto; mas, quem define o que são os terroristas? E nesta nova óptica, os timorenses que lutavam pela independência seriam terroristas, só para dar um exemplo assim mais familiar. E há ainda os terroristas ecológicos!!! Quem? Os que poluem e envenenam isto tudo em nome do lucro ou os que protestam contra isso? Como é que vão actuar aqui os polícias do tal senhor Mercado? Outro perigoso inimigo, sem rosto, e que se poderá manifestar, é o informático, ah pois. Só que aqui fiquei baralhado, ajudem-me, qual é o verdadeiro perigo: um possível ataque aos sistemas informáticos, segredos de defesa e esse tipo de coisas – ok, um perigo real – ou aqueles que usam a net como um território sem fronteiras, espaço de liberdade de informação e partilha, e que estão a ser cada vez mais limitados ao ponto de digitar a palavra liberdade fazer soar os alarmes na China?
Isto de demasiado poder na mão dos militares, confesso que me assusta. Vejam Lisboa, hoje é uma cidade sitiada e já não falo dos incómodos da coisa – mais valia que fossem para as Berlengas – Portugal neste momento é um estado concentracionário, um país com a liberdade condicionada. E isto, meus amigos, é, no mínimo, inquietante…