Quando acabem os eléctricos
da Rua da Misericórdia
tão amarelos por fora
tão britânicos por dentro
não gostarei de Lisboa
Quando os carris e os troles
inúteis e desalmados
pela Calçada do Combro
deixarem de faiscar
não gostarei de Lisboa
Quando no Largo do Carmo
à sobra dumas ruínas
não me esperar indolente
o último para o Chile
não gostarei de Lisboa
Quando da estreita travessa
da cara de cada dia
não surgir um velho arfante
para apanhar o das oito
não gostarei de Lisboa
E quando ao atardecer
prostradas pombas e luzes
não saltar do vinte e quadro
o sempre lépido ardina
não gostarei de Lisboa.
José Carlos Gonzáles
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