Fará a beleza algum sentido, quando o mundo se está a desmoronar à nossa volta?
[Falo do nosso mundo, da democracia, da Europa dos cidadãos, dos direitos adquiridos, da protecção no trabalho, do estado social... Um mundo que, com todas as imperfeições e desigualdades, talvez fosse apesar de tudo, um dos melhores mundos para se viver. E é este mundo, este modo de vida que outros legitimamente reivindicam, que está agora a ser atacado. E não me venham com essa conversa de que gastámos demais e essas tretas todas que nos querem fazer engolir, esta crise é, entre outras coisas, um excelente negócio para muita gente. Não somos só nós aqui em Portugal (isto está muito para além do aldrabão do Sócrates), é toda a Europa que está sobre o fogo cruzado dos Mercados?!! Um modo de vida, diria que, uma civilização que levou séculos a aperfeiçoar está agora a ser posta em causa por causa dos Mercados?!! Vamos ter de trabalhar mais por menos dinheiro e ainda pagar mais impostos, cortes na saúde, na educação e na cultura (vejam o nosso caso, com esta despromovida, gerida em conta corrente por um escritor de segunda investido em amanuense) para acalmar os Mercados?!! Mas não sabem que aos mercados só o lucro interessa e nada mais acalma a sua imensa voragem? É o lucro pelo lucro, insaciável e cego. É esta sofreguidão que já nomeou dois governos europeus não sufragados e que continua a forçar a imposição da sua vontade, como lei. É a própria democracia que está ameaçada! E a Europa o que é que faz, os seus governantes o que é que fazem? Bem, não me parece que façam nada, vergados aos caprichos de uma valquíria demente na sua ânsia de punir governos e restringir soberanias (os insubmissos países que não correm a cumprir a superior tarefa de sacrificar os seus cidadãos) …]
Fará, dizia eu, algum sentido, estarmos para aqui com pretensões mais ou menos artísticas, quando uma calamidade destas nos atinge mesmo em cheio nas trombas? Qual deve ser o papel da arte no meio desta coisa que nos devora? Continuar como se nada fosse? Denunciar? Provocar? Berrar? Explodir? Engolir? É uma inquietação que me incomoda como uma micose aguda, e uma dúvida que convosco agora partilho. Sinceramente eu…
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26 comentários:
Pois eu cá acho que a beleza nos deve ajudar a ultrapassar estes momentos dificeis.
E cada macaco no seu galho...
Percebo e até em parte concordo com a 1ª parte, agora essa do macaco, não percebi lá muito bem...
Julgámos que este era o melhor dos mundos, a via única para a vida humana, afinal era apenas o canto da sereia.
http://youtu.be/jrd0dtlzwKI
Querido Zé,
daqui,
do outro lado do Atlântico,
te mando beleza pura!
beijos!
http://youtu.be/zjb1ZYz8RlU
E se para eles for arte, a forma como nos embalam no consumismo e nos iludem com uma sociedade onírica em que nada do que temos soubemos produzir? No outro dia pensava em que estado de evolução estou, eu, sozinho, assim tipo: se me deixassem sozinho no mundo até onde poderia ir? Conseguiria fazer uma roda, fogo, uma casa, matar para comer, sobreviver a uma intempérie? Se sim, por quanto tempo? Seria "arte" convencer a tribo de selvagens de que eu era um rei e levá-los a trabalhar para mim para eu poder comer ou, por outro lado, poderia eu fazê-los evoluir? Que arte é essa de quem nada de belo cria mas que todos convence a produzir para si? Os selvagens haviam de me cozinhar, com arte, antes que eu pudesse abrir a boca. A civilização é uma coleira que, também com arte, nos pusemos ao pescoço, por cedências e conquistas. Arte, cada um saberá qual é a sua forma preferida de expressão, para influenciar o clã ou para mero onanismo do intelecto. Se vale a pena?... Dependerá sempre da concupiscência do artista.
http://youtu.be/xWIKQMBBTtk
Abraço
Percebo bem essa dúvida. Por vezes também sou acometida de uns sentimentos de culpa, por estar a falar de outras coisas que não umas.
Aqui vai o meu cliK, e um beijinho.
http://www.youtube.com/watch?v=3nRVZPJdXOo&feature=related
Macacos nos bancos, macacos na politica, macacos ...
E artistas a tratar da beleza.
O teu texto é de uma lucidez total!
Não vêm aí bons tempos... mas tempos que erguer a cabeça e ver, por exemplo, esta beleza que nos trazes hoje... uma vez mais!
Um grande abraço.
"Sou um banqueiro a fazer o trabalho de Deus". É a forma como o presidente do maior banco de investimento do mundo vê a sua missão no comando do Goldman Sachs. Mas na opinião de um número cada vez maior de pessoas, o "trabalho de Deus" do Goldman Sachs é a encarnação do lado negro da força em Wall Street. E há até quem defenda que é este banco que manda no mundo e não os governos.
As teorias da conspiração que aparecem sobre o banco serão uma coincidência?
Otmar Issing foi, como membro da Administração do Bundesbank e do Banco Central Europeu, um dos principais arquitectos do Euro e da política monetária europeia. É um dos mais importantes conselheiros da Goldman Sachs.
Peter Sutherland, ex-procurador-geral irlandês, foi comissário europeu para a concorrênciae teve um papel central no resgate à banca irlandesa. Até colapsar e ser nacionalizado, foi director não-executivo do Royal Bank of Scotland. é director não-executivo da Goldman Sachs.
Mario Monti é o novo primeiro-ministro italiano. Nomeado sem eleições para combater a crise. Foi conselheiro sénior da Goldman Sachs.
Petros Christodoulou, que começou a sua carreira na Goldman Sachs. é ele que hoje dirige a agência governamental da dívida pública grega.
Hank Paulson, antigo secretário de Estado do Tesouro dos EUA
Saiu da liderança do Goldman Sachs para ser secretário de Estado do Tesouro durante a administração Bush. Paulson delineou o programa de ajuda à banca durante a crise financeira de 2008, que também resgatou o Goldman.
Mario Draghi, futuro presidente do BCE
O futuro presidente do BCE, Mario Draghi, foi director-geral da Goldman Sachs International entre 2002 e 2005. A ligação levou-o a enfrentar perguntas dos eurodeputados sobre se esteve envolvido na ocultação do défice grego.
Mark Carney, governador do Banco Central do Canadá
O actual governador do banco central do Canadá passou 30 anos no Goldman.Foi responsável pelas áreas relacionadas com risco soberana e foi o homem com a tarefa de delinear a estratégia do banco durante a crise russa de 1998
(Continua)
13
Continuação
Romano Prodi, antigo presidente da comissão europeia
O antigo presidente da Comissão e ex-primeiro-ministro italiano esteve no Goldman nos anos 90. A ligação valeu-lhe críticas da Oposição quando rebentou um escândalo a envolver o Goldman e uma empresa italiana.
Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial
O actual presidente do Banco Mundial foi director-geral do Goldman.Antes de se juntar ao banco tinha trabalhado no Departamento do Tesouro norte-americano. Lidera o Banco Mundial desde Julho de 2007.
Robert Rubin, antigo Secretário de Estado do Tesouro dos EUA
Robert Rubin teve cargos de topo na administração do Goldman. Após 26 anos no banco foi escolhido por Bill Clinton como secretário de Estado do Tesouro. Após passar pelo Governo, trabalhou no Citigroup.
Ducan Niederauer, presidente da NYSE Euronext
O presidente da NYSE Euronext, Duncan Niederauer, que detém as bolsas de Nova Iorque e de Paris, Bruxelas, Amesterdão e Lisboa, foi responsável do Goldman pela área da execução de ordens dadas sobre títulos financeiros.
Mark Patterson, Chefe de Staff do Tesouro dos EUA
Mark Patterson é o chefe de gabinete do actual secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner. Antes de se juntar ao governo estava registado como lóbista, intercedendo para defender os interesses do Goldman.
António Borges, director do Departamento Europeu do FMI
O economista foi vice-presidente e director-geral do Goldman entre 2000 e 2008. Após sair do banco foi da associação que delineia a regulação dos ‘hedge funds'. Em Outubro de 2010, foi nomeado director do FMI para a Europa.
Carlos Moedas, Secretário de Estado adjunto do Primeiro Ministro
Após acabar o MBA em Harvard, no ano 2000, o actual responsável pelo acompanhamento do programa da ‘troika' foi trabalhar para a divisão europeia de fusões e aquisições do Goldman Sachs. Saiu do banco em 2004.
António Horta Osório, presidente do Lloyds Bank
O primeiro emprego de Horta Osório após terminar o MBA no Insead foi no Goldman, centrando-se na área de ‘corporate finance'. Actualmente é presidente do banco britânico Lloyds depois de ter estado no Santander.
13
13 meu amigo, até estou arrepiado. Estamos tramados...
certo, Zé, estamos tramados, todos, mas todos mesmo, não escapa ninguém, aqui, acolá e mais além. acredito que chegará o dia em que isso será claro para todos. a angústia vem do entretanto.
até logo
Uma proposta radical que poderia resolver o problema
http://www.youtube.com/watch?v=Sx19iv-yv5w&feature=related
vem-me à memória um grande senhor artista alemão (!) chamado Hans Haacke. há uns anos fez-me dar grandes voltas a este bilhar grande das relações entre a arte e o resto do mundo, por causa da sua ideia de que toda a arte é política, política no que à posse de poder diz respeito (e não só à aceção mais restrita do poder politico-partidário e afins). a ideia não será, em si, nova, mas penso que esta tomada de consciência investe as pessoas, desde quem produz arte a quem a receciona, de um poderosíssimo instrumento de mudança (social, se quisermos, neste caso). será talvez aqui que ela (a arte) se revela em todo o seu esplendor, criador, na sua aceção mais pura (e o olhar não descola da - tua - flor).
falamos de arte e falamos de beleza e uma não assimilará a outra, talvez. mas isso não interessará substancialmente para o caso, a não ser, talvez, no que ao poder que a beleza tem diz respeito.
não creio nas dicotomias, são estéreis. há que dar o salto na CALAMIDADE, com ARTE, o terceiro elemento somos NÓS.
um grande beijo e um clik um bocadinho demonstrativo, perdoa
http://www.youtube.com/watch?v=c45oxYNEoUw
Socialement tout à fait d'accord.
“ Meu inestimável e querido tesouro! (…) por enquanto durmo bem. (…) As greves e as desordens na cidade são mais do que desafiadoras. (…) É um movimento de arruaceiros, rapazes e meninas correm e gritam que não têm pão, só para provocar efervescência, e operários que impedem os outros de trabalhar. Se estivesse muito frio, todos eles teriam, provavelmente, ficado em casa.”
Excerto de uma carta da Imperatriz Alexandra a Nicolau II, 25/02/1917
O resto da história é conhecida...
Quanto à arte...acho que deve vir de dentro, onde quer que isso seja.
:)
O único dever da arte seria aliar-se à vida mas estou convencida que, na maioria dos casos, um petit trianon se eleva sempre acima da miséria em redor.
No que lhe toca não é uma crítica, pois que vê alfabeto partout :)
Claro que faz todo o sentido. Então nunca ouviste falar daquele filme "A Morte em Beleza"?
About josé manuel vilhena's quotation: extra!
preciosa y delicada
salu2
por enquanto, com a cabeça entre as orelhas, a precisar desta água que tu e outros trazem.
...governados por gente com um défice cognitivo assustador.
http://www.youtube.com/watch?v=v2x8-K5STbw&feature=related
beijos
É em tempos como estes que vivemos, sombrios, dominados pela ganância de um punhado, pelo desprezo pelos direitos conquistados pela maioria, estes tempos em que os valores em que acreditamos e pelos quais muitos lutaram e morreram ao longos dos dois últimos século estão dramaticamente ameaçados e a beleza é mais importante, é mesmo fundamental. E a arte pode, deve fazer o que sempre fez: transmitir a beleza mas também mostrar a nossa inquietação e agitar as consciências.
Beijos
Sugestão:http://www.youtube.com/watch?v=-X3BVYSqAOo
O papel da arte, Dear Zé? O papel da arte é salvar-nos da lucidez e proteger as nossas queridas trombas de todas as calamidades. Apenas por isso consegui sorrir depois de ler o que escreveste...pois acima estava uma dança vegetal em contra-azul, alheia aos desvarios de todas as eras.
Um Beijo!
tanta poesia numa flor. a procura da beleza ajuda a (sobre)viver. a arte pode ser uma forma de gritar.
http://youtu.be/_nMpcVRYlhY
13
também eu estou arrepiada!
Tal vez deberíamos comenzar por plantearnos si era tan bueno como parecía, especialmente teniendo en cuenta que nuestro "mundo rico" apenas engloba a un 15% de la población mundial.
Tal vez es el momento de plantearnos que salida queremos ¿volver a lo de antes?, ¿a costa de qué?, ¿del planeta?, ¿de la naturaleza?, ¿de los países pobres?, ¿de las hambrunas y guerras? …
Tal vez debiéramos cuestionarnos, efectivamente, que papel debe asumir el arte. ¿Pero, qué arte?, el de las salas de exposiciones, los marchantes, las subvenciones, los intereses, el de las compras como inversión.
Tal vez debiéramos plantearnos que tipo de arte es necesario para transformar el mundo …
Si, se que apunto alto, pero ¿tenemos algo que perder?
Fuerte abrazo Compadre
(siento mi gran limitación con el idioma)
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