Personal Jesus

clik1     clik2     clik3     clik4     clik5     clik6     clik7     clik8    clik9     clik10 

Porque me olhais assim?

Qual a razão desse olhar que não entendo, enigmática mirada que confunde, semblante opaco a que não vislumbro direcção, gesto ou linguagem que não traduzo, tristeza ausência contemplação, olhos que olham e eu não sei o quê se lonjuras se memórias, olhos que envelhecem e reflectem o tempo a cada dia que passa como num aniversário permanente.
Porque sois assim?

   clik1     clik2     clik3     clik4     clik5     clik6     clik7     clik8     clik9     clik10 

If I only had a heart


O coração é o órgão central da circulação, localizado na caixa toráxica, levemente inclinado para esquerda e para baixo (mediastino médio), sendo constituído por uma massa contráctil, o miocárdio, revestido interiormente por uma membrana fina, o endocárdio, é envolvido por um saco fibro-seroso, o pericárdio.
O coração humano apresenta quatro partes ou cavidades: na parte superior estão as aurículas, divididas entre a direita e a esquerda, que albergam sentimentos secretos, contraditórios e confusos, tais como o amor, a raiva, a angústia, a culpa, a ansiedade... na parte inferior estão os ventrículos, também direito e esquerdo, registam sensações concretas: medo, dor, frio, euforia, fome, volúpia, desejo...
Há quem não tenha coração (não, não é o caso do homem da fotografia), porque o perdeu ou porque lhe foi roubado. Há quem nunca tenha tido nenhum e o procure incessantemente e há até quem nem saiba o que isso é. Em muitos casos, o coração é uma bomba-relógio prestes a explodir.

clik1    clik2    clik3    clik4    clik5    clik6    clik7    clik8    clik9 clik10

A Dama do Lago


"Sonhei que me encontrava no fundo de água verde e gelada com um cadáver debaixo do braço. O cadáver tinha cabelos loiros e compridos que flutuavam na água e me envolviam a cara. Um enorme peixe de olhos esbugalhados, corpo inchado e escama fosforescente da putrefacção, nadava em redor, olhando de soslaio como um debochado já idoso. Quando eu estava quase a rebentar com a falta de ar, o cadáver ressuscitou debaixo do meu braço e fugiu-me. Pus-me a lutar com o peixe e o cadáver rolava e rebolava pela água fora, arrastando atrás de si o seu longo cabelo."  
Raymond Chandler
  clik1     clik2     clik3     clik4    clik5     clik6    clik7     clik8  

Cubo

Sobre um cubo não há nada a dizer. Um cubo são seis quadrados encostados. Seis faces iguais com arestas. Esquinas vivas a rasgar a pele. Pode ser caixa ou pedra. Com pintas é um jogo de azar. Com janelas é um quarto. Com barras uma cela. Esdrúxulo paralelipípedo. 
  clik1     clik2     clik3     clik4     clik5     clik6     clik7     clik8  

Impressão Digital

Pegadas na areia. Marcas de água. Impressões digitais. Marcas a ferro e fogo. ADN.
Qual é o rasto que deixamos ao passarmos pela vida?
  clik1      clik2      clik3      clik4      clik5     clik6  

Lá fora

O que há lá fora? Um sítio real ou a ilusão de um lugar? Um mundo desconhecido e fantástico ou um local assustador? Lá fora é melhor do que aqui ou tudo é demasiado estranho? As pessoas são mais felizes e alegres ou não sabem sorrir? Lá fora, são mais pobres ou mais ricos? E o que é que comem lá fora? Faz mais frio ou é sempre Verão? Quem são os outros, lá fora?
Claro que cá dentro é mais seguro. Aqui sabemos quem são os nossos. Conhecemos os caminhos, as casas, as pessoas. Sabemos com o que contar. Ou não?
Lá fora, o que é? 

 clik1      clik2      clik3      clik4      clik5      clik6      clik7      clik8    

Flores de aço.*

Outono. Alentejo. A planície, outrora imensa, foi recortada. Retalhada como uma manta. Segmentada como um decreto. Dividida por vedações, arame farpado, redes de aço. Novos-ricos e euro subsídios.
Detesto fronteiras.


  clik1     clik2     clik3     clik4     clik5     clik6     clik7     clik8     clik9
  (*Flores para o Pólo Norte)

A conquista da lua.

Hoje quero a lua. Quero a sua palidez de vestido de noiva envolto em algodão doce. O brilho de moeda de prata polida. A luz de lanterna que não queima nem gela a superfície das coisas. Quero para mim o cortejo de animais nocturnos que adormecem com ela e as estranhas criaturas que povoam a noite de medos e sonhos.
O resto, não me interessa.
  clik1   clik2    clik3    clik4    clik5    clik6    clik7   clik8    clik9    clik10 

Menina estás à janela

Pode ser que esta fotografia seja uma metáfora do mundo em que vivemos hoje. Tempos de crise, de ruína, de desesperança. Um presente assombrado por um futuro temeroso.
A flor surge então como um sinal. Um símbolo de sobrevivência. Como quem diz que dos escombros podem nascer raízes, pétalas, porvir.
Pode também ser que esta fotografia não seja mais do que aquilo que mostra, uma flor à janela. Os olhos são neutros como as máquinas fotográficas. É no olhar que está a diferença.

  clik1     clik2     clik3     clik4     clik5     clik6     clik7     clik8     clik9

Classe económica

Ainda sob o signo do verde. E do azul. Sobre o avião não digo nada, gosto mais de combóios.

   clik1     clik2     clik3     clik4     clik5     clik6     clik7     clik8